21 de Julho de 2025 |
O Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD) manifestou-se contra a utilização de atrelados normalmente destinados ao transporte de carga e animais para o transporte de pessoas em zonas rurais do país, classificando a prática como "desumana e indigna".
Recentemente, o Governo lançou um programa piloto na província de Cabo Delgado, que prevê o uso de 100 tratores com atrelados para suprir a falta de meios de transporte em distritos de difícil acesso. O projecto, implementado pelo Fundo de Desenvolvimento dos Transportes e Comunicações (FTC), teve seus primeiros veículos entregues ao Governador provincial, embora o valor do investimento não tenha sido inicialmente revelado. Fontes indicam que o custo pode ultrapassar os 650 milhões de meticais.
Durante o lançamento, o presidente do conselho de administração do FTC, Paulo Ricardo, afirmou que os veículos são adaptados para oferecer "conforto, assentos, cintos de segurança e ar condicionado", não devendo ser encarados como simples tratores.
Contudo, o CDD contesta essa visão e defende que o Governo deveria focar-se na construção de infraestruturas viárias básicas, como estradas de terra batida, que possibilitariam o uso de transportes mais adequados e que respeitem a dignidade humana.
A organização também criticou a inspiração em modelos aplicados nas cidades de Maputo e Matola, onde foram criadas carroçarias acopladas a chassis para transporte coletivo, considerados igualmente indignos por misturarem passageiros e mercadorias, sem oferecer o mínimo de conforto.
Na sua avaliação, o CDD considera essas soluções como sinais da falta de uma estratégia de planeamento eficaz e reflexo de uma governação capturada por elites que se beneficiam da precariedade do sistema de transporte público.