POLÍCIA DA TANZÂNIA DIZ QUE QUAISQUER PROTESTOS NO DIA 9 DE DEZEMBRO SERÃO ILEGAIS

 


A polícia da Tanzânia anunciou esta sexta-feira que qualquer manifestação marcada para 9 de dezembro não terá autorização formal, alertando para potenciais novos confrontos após a violência registada nos protestos pós-eleitorais do mês passado.

As eleições de outubro terminaram com a vitória expressiva da presidente Samia Suluhu Hassan, resultado que surgiu num contexto de exclusão dos seus principais concorrentes. A decisão desencadeou contestação popular e denúncias de organizações da sociedade civil, que apontam para um ambiente de forte repressão.

Grupos de direitos humanos, partidos da oposição e peritos das Nações Unidas estimam que centenas de pessoas possam ter morrido nos confrontos entre manifestantes e forças de segurança. O governo rejeita essas alegações e acusa os críticos de inflacionarem os números.

O porta-voz da polícia, David Misime, afirmou que nenhuma comunicação oficial sobre a realização de manifestações foi recebida, apesar das publicações que circulam online convocando protestos para 9 de dezembro. Em comunicado, declarou que as ações previstas, apresentadas como “protestos pacíficos ilimitados”, não estão autorizadas.

Segundo Misime, os organizadores estariam a incentivar atos que poderiam levar à ocupação de propriedades, perturbações em hospitais e bloqueio prolongado de vias públicas, com impacto direto na economia.

Na quarta-feira, especialistas em direitos humanos da ONU apelaram às autoridades para que garantam o direito de reunião e evitem novos abusos durante os protestos programados.

A presidente Samia Suluhu Hassan já havia prometido investigar a violência eleitoral e apresentou condolências às famílias das vítimas, num reconhecimento raro da gravidade da crise que o país atravessa.

Durante um encontro com líderes comunitários em Dar es Salaam, na terça-feira, Hassan afirmou que o governo está atento a novas mobilizações e preparado para responder caso avancem.

Os Estados Unidos anunciaram na quinta-feira uma revisão das suas relações com a Tanzânia devido a preocupações relacionadas com liberdades civis, ambiente de investimento e relatos de violência contra civis.


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