O mais recente relatório semestral do Programa Mundial de Alimentação (PMA) e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) anunciou que Moçambique, juntamente com países como Malawi, Namíbia, Lesoto, Zâmbia, Zimbabwe, Níger, Etiópia e Quénia, foi retirado da lista de regiões em situação crítica de insegurança alimentar. O Líbano também deixou de constar nessa classificação.
Segundo as duas agências da ONU, a retirada desses países da lista deve-se principalmente à recuperação das colheitas, que foram severamente prejudicadas pela seca provocada pelo fenómeno El Niño em 2023/2024. A melhoria nas condições climáticas e a redução de eventos extremos contribuíram para aliviar parte da pressão sobre a segurança alimentar, especialmente nas regiões leste e sul do continente africano.
Apesar do progresso, o alerta das organizações internacionais permanece: os avanços ainda são frágeis e podem ser revertidos se houver novos choques climáticos ou económicos.
Na África Austral, os efeitos positivos refletem-se também na economia, com expectativa de redução da fome e da inflação alimentar. A Zâmbia, por exemplo, deve alcançar uma produção histórica de milho nesta temporada, ultrapassando 3,6 milhões de toneladas, mais do que o dobro da safra anterior, que foi severamente afetada.
Outros países, como a África do Sul, também registaram recuperação significativa nas colheitas. A produção de milho no país aumentou mais de 14% este ano. Consequentemente, os preços futuros do milho branco, um alimento essencial para milhões de famílias de baixa renda, recuaram cerca de 13%, caindo de mais de 980 dólares por tonelada em janeiro para cerca de 855 dólares por tonelada.
O El Niño de 2023/24 foi um dos mais intensos registados, trazendo graves secas à região. Posteriormente, mesmo com uma fraca ocorrência do fenómeno La Niña, as chuvas que se seguiram contribuíram para a recuperação agrícola observada atualmente.
Fonte: Actualizanews